8 de jul. de 2010

AS IDEIAS E OS PROJETOS DE QUEM QUER GOVERNAR O CEARÁ

Propostas vagas, pouco detalhadas e nada precisas, que não apontam meios para serem efetivadas e, quase sempre, limitam-se a apresentar princípios e diretrizes gerais. Esta é a síntese do que se vê nas propostas apresentadas pelos cinco dos sete candidatos ao Governo do Ceará que cumpriram exigência da lei que vale a partir dessas eleições e apresentaram, no ato de registro das candidaturas, seus programas de governo.

Até a tarde de ontem, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) ainda não havia recebido os programas de governo de Marcelo Silva (PV) e Maria da Natividade (PCB).

Intitulado “Por um Ceará melhor para todos”, o programa de governo do candidato à reeleição, Cid Gomes (PSB), chama a atenção pelos verbos indicando a continuidade: fortalecer, continuar e manter. Em 10 páginas, o PSB apresenta propostas pouca precisas, como “ampliar e fortalecer o Programa Ronda do Quarteirão”, “fortalecer os serviços da Defensoria Pública no Estado do Ceará” e “ampliar o número de delegacias da mulher”. O próprio programa de governo de Cid se reconhece como “apenas parâmetros gerais norteadoras da campanha”.

Embora também abstratas, as propostas de Marcos Cals (PSDB) se pretendem mais precisas, apontando metas numéricas, apesar de não mostrar como irá efetivá-las. Em 21 páginas, o documento denominado “Por um Ceará moderno e forte” mostra um quadro onde são apresentadas as metas do possível governo de Cals para a melhoria de dez áreas entre 2014 e 2020. Dentre eles, está o analfabetismo infantil, a mortalidade infantil e materna e a taxa de homicídio. Em quase todos os pontos, o programa de governo de Cals reconhece avanços trazidos pelo governo Cid, mas faz inúmeras ressalvas.

Tolerância zero
Uma proposta que chama atenção no texto tucano é a política de “tolerância zero” para a segurança. Sem apontar de que modo essa política será traçada, o texto critica indiretamente o governo Cid. “O que melhora a vida das pessoas é a redução da taxa de homicídio e não a compra de veículos sofisticados”, diz o texto.

Com o título “Para fazer brilhar o Ceará”, o programa de governo de Lúcio Alcântara (PR) propõe, em 12 páginas, medidas tão abstratas quanto às dos seus concorrentes. Na segurança pública, o candidato apresenta proposta semelhante à de Cals, de combate às drogas, mas apresentando um projeto concreto: a criação da Secretaria Estadual Antidrogas.

Assim como Cals, que cita o Ronda do Quarteirão indiretamente, Lúcio faz críticas ao programa de seu sucessor, propondo a redução das “ações cosméticas”.

Recheada de palavras de ordem e com dezenas de pontos de exclamação, o breve programa de governo de Francisco Gonzaga (PSTU) ocupa menos de uma página e traz propostas nada precisas. Algumas são diretrizes, como a “defesa das liberdades, contra a ‘democracia’ dos ricos”. Outras são propostas, de fato, mas sem deixar claro de que modo elas seriam executadas, como o fortalecimento e a ampliação dos investimentos das três universidades estaduais - Uece, Urca e UVA. E itens como “Aumento salarial já!”, “Concurso público já!” e “Reforma agrária já!” são apresentados mais como reivindicações aos governantes, e não como propostas de quem pretende governar.

Já o programa de governo de Soraya Tupinambá (Psol) - o mais longo de todos, com 44 páginas - diferencia-se pela apresentação de propostas específicas para a infância, juventude, mulheres, orientação sexual, raça e etnia. Quando o tema é segurança, a proposta de Soraya é de ampliar os projetos ligados à segurança, respeitando os direitos humanos.

Robson Braga
robsonbraga@opovo.com.br

Nenhum comentário: